Insuficiência venosa: veias em sofrimento
23 de Setembro de 2015

 A sensação de peso nas pernas é o primeiro dos sinais da doença venosa. Quando esta sensação persiste, não deve ser ignorada, devendo motivar uma consulta médica de modo a prevenir o seu desenvolvimento.


É provável que esta sensação de peso seja acompanhada por dor e edema, com os pés e as pernas a apresentarem-se inchados, sobretudo ao fim do dia. As veias estão em sofrimento, na medida em que perderam ou viram diminuída a sua capacidade de fazer retornar o sangue que circula nas pernas. Quando são desvalorizados os primeiros sinais, abre-se caminho ao desenvolvimento da doença. O que acontece é que o sangue fica estagnado e as veias dilatam-se e deformam-se, acabando por ficar visíveis e traçar linhas sinuosas e em relevo nas pernas.

São dois os principais tipos de varizes: as aranhas vasculares (chamadas também de telangiectasias, que são dilatações de vasos sanguíneos que se localizam na parte superior do corpo, principalmente na face, podendo estar associadas a doenças, como por exemplo, do fígado) e as veias varicosas. As primeiras são mais conhecidas como derrames, consistindo em pequenos capilares que surgem sob a pele, com o aspeto de finas linhas avermelhadas e sinuosas em tudo semelhantes às ramificações de uma árvore. É sobretudo nas coxas, pernas e tornozelos que estas se evidenciam.

Mais profundas são as veias varicosas, aquelas que normalmente se designam como varizes. Mais alongadas e mais tortuosas, apresentam um tom azulado ou arroxeado, evoluindo de tamanho consoante a dimensão da falência venosa. Algumas formam grossos cordões que se estendem da virilha aos pés.

Se a saúde das pernas for negligenciada, corre-se o risco de o sangue estagnado originar tromboses venosas, através da formação de coágulos. Estes coágulos podem soltar-se e percorrer a circulação sanguínea até ao coração, e daí para o pulmão, dando origem a uma embolia pulmonar. Esta estagnação do sangue nos membros inferiores interfere com a oxigenação dos tecidos, fazendo com que a pele comece a sofrer alterações, devido à perda de oxigénio nas células, tornando-se mais escura e fina.

É neste estádio que surgem o eczema de estase, caracterizado por prurido, alterações da cor da pele, inflamação e inchaço em redor das varizes e as úlceras, onde a pele, que se encontra fragilizada, acaba por estalar sob pressão do sangue, abrindo-se uma ferida difícil de tratar (a cicatrização pode oscilar entre seis meses e dois anos ou mais).


A importância do tratamento

Numa situação extrema, a doença venosa não tratada pode conduzir à incapacidade. Devido ao risco associado é importante atuar o mais cedo possível, o que implica prestar atenção aos sintomas de desconforto nos membros inferiores.

Se o cansaço e a sensação de peso se mantiverem, é conveniente consultar um médico. O médico de família é adequado para uma primeira intervenção, podendo, se a evolução da doença o justificar, fazer o encaminhamento para um especialista vascular.

Em situações particulares como em caso de gravidez, elevada predisposição hereditária ou perante sintomas ligeiros e ocasionais, a contenção elástica é o primeiro dos recursos utilizados em profilaxia. São as chamadas meias de descanso, que facilitam a circulação sanguínea. Estas são feitas com um elástico especial em forma de espiral, que lhes permite conferir um grau de proteção adequado a cada região da perna: com o movimento das pernas, os músculos vão sofrendo uma compressão a um ritmo próprio, começando pela barriga da perna e passando depois para a coxa, o que faz com que o sangue vá progredindo em direção ao coração.

Na primeira linha do tratamento estão também os medicamentos flebotropos. Estes medicamentos aumentam a tonicidade da veia, conferindo-lhe elasticidade e melhorando as condições da circulação sanguínea. Estes contribuem igualmente para reduzir a ocorrência de inchaço e as alterações da pele e dos tecidos adjacentes que estão associadas às flebites.

Quando a doença venosa se manifesta através de derrames e pequenas varizes, a opção pode ser a escleroterapia: trata-se de um método que consiste na injeção de um medicamento nos capilares que vai secar os pequenos vasos dilatados, que serão posteriormente absorvidos. A cirurgia é, quase sempre, a alternativa para as fases mais avançadas da doença, podendo ser feita em ambulatório (por exemplo laser) ou com recurso a internamento (com anestesia geral). Quanto mais cedo se fizer a operação, mais simples os procedimentos e mais fácil a recuperação.

Artigo original publicado em Farmácia Saúde, junho 2015.

 

 

[Fonte - texto e imagem: Vital Health]